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sexta-feira, dezembro 08, 2006

Portugal, tema de documentário em Espanha...



A crise em Portugal foi tema de um documentário de 45 minutos transmitido ontem à noite no programa “En Portada”, um dos principais espaços de grande reportagem do canal 2 da televisão espanhola, TVE.

A descrição foi a de um país que “é o mais desigual da Europa, onde 20 por cento da população roça a pobreza” e no qual a população vive “com a auto-estima mais baixa da UE a 25″, num clima de “depressão e desânimo”.

Percorrendo Portugal de Norte a Sul e registando declarações de membros do Governo, especialistas, académicos, autarcas e cidadãos anónimos o programa abordou alguns dos aspectos mais preocupantes da realidade social e económica portuguesa.

Temas como a desertificação, o isolamento do interior, o fecho de serviços de saúde e escolas devido ao despovoamento de várias regiões, a burocracia, os atrasos nas obras e as perdas de empregos na indústria marcaram a viagem da equipa de reportagem espanhola.

O documentário visitou, entre outras, povoações como Escalhão, próximo do Vale do Côa, onde um pastor dizia que “até as pedras levam”, numa referência à venda de granito para Espanha.

A aldeia de Rabal, Bragança, a cidade de Mirandela, em Trás-os-Montes, as lotas de Peniche e de Lagos foram algumas das regiões percorridas. Ao longo dos 45 minutos, o documentário descreveu a situação que vivem povoações isoladas “onde o ciclo vicioso” do despovoamento levou os habitantes a sentirem-se isolados e esquecidos pelos centros de poder.

“A economia expandiu-se, com a adesão à Europa, mas não se modernizou”, referia o documentário, notando, por exemplo, a falta de modernização de algumas fábricas têxteis ou as dificuldades da frota de pesca portuguesa que traz para terra apenas 25 por cento do que o país consome.

O documentário incluiu referências aos 60 milhões de euros acima do previsto que custaram os estádios do Euro 2004, aos atrasos na extensão do Metro e no Túnel do Marquês.

Difícil situação económica

Com declarações de Victor Constâncio, sobre o défice das contas públicas, do ministro da Economia Manuel Pinho, sobre os objectivos do Governo de “ajustar as contas públicas e estimular empresas privadas”, o documentário procurou apresentar um retrato da situação económica em Portugal.

Referiu, por exemplo, que “no meio da crise o sector da banca registou um aumento de 30 por cento nos lucros” e que, “numa contradição evidente” Portugal tem “um dos espaços comerciais maiores da Europa”.”Apesar de tudo o consumo teima em não baixar”, comentou o autor da reportagem.

Aludindo à governação de José Sócrates, o documentário referiu que o primeiro-ministro “não tem contestação no Governo”, que as críticas da oposição “são débeis” e que, ao fim do mandato “o sucesso ou o falhanço da agenda de governação dependerá exclusivamente do chefe do Governo”.

Apesar da crise, o documentário dá conta dos esforços em várias áreas para ultrapassar a situação, modernizar a indústria, requalificar zonas turísticas no Algarve e reforçar o investimento em investigação e tecnologia.

Como exemplo cita o sucesso de algumas fábricas de têxtil e calçado, o modelo adoptado na AutoEuropa e os avanços no sector da cortiça, visitando ainda o centro de formação de Famalicão.

Igualmente a merecer atenção a tentativa de várias zonas mais isoladas do interior português de apostarem em acções conjuntas transfronteiriças com vizinhas espanholas, no intuito de criar “euro-regiões” que possam beneficiar de mais apoios europeus.

“É um país sereno, educado, por vezes lento, que luta à sua maneira para sair da crise. Das várias crises”, conclui o documentário.


PUBLICO.PT

Comments on "Portugal, tema de documentário em Espanha..."

 

<Blogger Ricardo said ... (1:40 da manhã) : 

"Apesar de tudo o consumo teima em não baixar”

Ora aí está. Se as pessoas continuam a comprar então onde é que está a crise?
Hoje no Foz Plaza (Jumbo), não havia onde estacionar um carro. estavam os 3 parque lotados, as lojas apinhadas de gente.
As pessoas que continuam a comprar, podem faze-lo ou endividam-se para satisfazer os seus desejos?
Se calhar a crise vai acabar quando se parar de falar nela, porque sinceramente, não a vejo em lado nenhum.