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segunda-feira, novembro 13, 2006

Uma marca Wright



Aqui vai a história do avião...
A 17 de Dezembro de 2003, o mundo celebra o “centenário da aviação”. Isto é um pouco incorrecto, uma vez que os seres humanos já voam em veículos mais leves que o ar desde os primeiros balões de finais do século XVIII, e os aviões foram concebidos antes de 1903. Os irmãos Wright não reclamam para si apenas a honra do primeiro avião ou do primeiro voo. A empresa de Orville Wright anexou um rótulo qualificativo na exibição do seu Flyer de 1903, no Instituto Smithsonian: “O avião original dos Irmãos Wright: a primeira máquina do mundo movida a energia, mais pesada que o ar, na qual o homem fez voos livres, controlados e sustentados”.Independentemente de todas as definições de voo, atribui-se a Orville e Wilbur Wright a invenção do primeiro avião bem sucedido. De um ponto de vista moderno, a reputação deles é tão forte, que é difícil acreditar que houve muitos outros que quase conseguiram ser os primeiros a voar. Mas o êxito dos Wright não estava garantido – mesmo eles tiveram momentos em que duvidaram que os voos em máquinas mais pesadas que o ar, movidas a energia e pilotadas pudessem existir no seu tempo de vida.Entre a multidão de pioneiros da aviação do início do século passado, destacou-se um, em termos de reputação e financiamento. O seu nome era Samuel Pierpont Langley, terceiro secretário do Instituto Smithsonian. Embora tenha falhado nos voos pilotados e movidos a energia, ter alguém da sua condição envolvido nas tentativas de voar deu grande credibilidade a toda a aviação. Langley é ainda considerado um significativo pioneiro aeronáutico. O primeiro porta-aviões de sempre, uma base da Força Aérea norte-americana e um centro de investigação da NASA receberam o seu nome, mas ele não passa agora de uma nota de rodapé nos livros de história, eclipsado pelos dois fabricantes de bicicletas de Ohio. À primeira vista, parece inconcebível que os Wrights tenham tido êxito onde Langley falhou. Em 1896, ele fez com êxito um voo de 90 segundos, ao percorrer percorreu 800 metros num modelo de quatro metros, não pilotado e impulsionado por um motor a vapor de um cavalo. O êxito da experiência de Langley captou a atenção de amigos poderosos e conhecidos em Washington, incluindo do inventor Alexander Graham Bell (o segundo presidente da National Geographic Society) e de Theodore Roosevelt, na altura subsecretário da Marinha.Incentivada pelo início da Guerra Hispano-Americana em 1898, a Marinha promoveu a continuação das experiências de Langley para fins militares, financiando-o em 50 mil dólares. Apoios adicionais vieram do Instituto Smithsonian e de Alexander Graham Bell. A 7 de Outubro de 1903, Langley lançou o seu Great Aerodrome, desta vez pilotado, de um barco-casa no rio Potomac. A estrutura frágil da máquina não aguentou o seu próprio peso. Mal saiu do barco de lançamento, o avião mergulhou no rio, e foi um desastre total, embora o piloto tenha conseguido nadar para fora dos destroços.A 8 de Dezembro de 1903, Langley tentou novamente. Mais uma vez, lançou o Great Aerodrome, do cimo do seu barco-casa, no rio Potomac. Desta vez, o impacto do momento do lançamento provocou o colapso da própria estrutura, pouco firme. Todo o avião parou e se despenhou no rio gelado, quase vitimando o piloto. Nove dias depois, a 17 de Dezembro, Orville e Wilbur Wright conseguiram, com êxito, pilotar o seu Flyer por quatro vezes, nas areias de Kitty Hawk, Carolina do Norte, e voaram para os livros de história. O único apoio que lhes fora oficialmente dado pelo governo viera de Richard Rathbun, secretário assistente do Instituto Smithsonian. Em 1899, Rathbun recebeu uma carta de Wilbur Wright pedindo material sobre a “adequada construção de uma máquina voadora”, que ajudaria os Wright na sua própria invenção. Rathbun reuniu uma série de materiais e referências que encorajaram e informaram o progresso dos Wright, num momento crucial do seu desenvolvimento. E assim, afinal, o Smithsonian tinha dado uma contribuição significativa para o desenvolvimento da aviação – através dos irmãos Wright.Contudo, a competição com a reputação de Langley não terminou depois de 1903. Após a morte deste, em 1906, os Wright envolveram-se numa série de disputas de patentes, e o Great Aerodrome de Langley acabou por ser reparado e testado novamente, para provar que teria sido possível fazê-lo voar, embora Langley não o tivesse conseguido. Desta vez, após significativas alterações ao modelo original, a máquina voou. O Relatório Anual de 1915 do Smithsonian afirmava que “os testes posteriores mostraram que o ex-secretário Langley tinha tido êxito na construção do primeiro avião capaz de executar um voo livre e sustentado com um piloto”.Em troca de terem sido oficialmente rejeitados como inventores do primeiro avião funcional, Orville Wright deu o hábil passo de mandar o Flyer original para o Museu da Ciência de Londres, em 1928, para lá ficar em exibição perpétua. Foi só depois de o Smithsonian ter publicado uma retracção, em 1942, que Orville mudou o seu testamento e deixou o Flyer ao Smithsonian para exibição apenas na “capital nacional”. O primeiro avião bem sucedido, o Flyer dos Wright, de 1903, foi finalmente embelezar a Sala Norte do Edifício das Artes e Indústrias do Instituto Smithsonian em 1948, 45 anos depois do seu histórico voo em Kitty Hawk.
Elizabeth Snodgrass
Para finalizar este caderno de história dos meios de transporte, vamos voltar ainda mais uma vez para falar um pouco do barco. A história é um livro que nunca acaba...

Comments on "Uma marca Wright"

 

<Blogger Marco MR said ... (9:50 da tarde) : 

Parabens pela pesquisa porque estas coisas dao trabalho. Bela forma de informar quem estiver disposto a aprender.