Em época de santos populares, dedico a minha página desta edição aos emigrantes. Aos que fazem a vida lá fora, aos que vão à procura de estabilidade económica, às mentes brilhantes que infelizmente só podem brilhar no estrangeiro. A todos, eu dou uma palavra de reconhecimento porque merecem, porque não se resignam, porque aproveitam a sua oportunidade.
Um pouco por todo o mundo, em especial nos EUA, os nossos emigrantes trabalham por uma vida melhor, algo que é cada vez mais complicado ter-se em Portugal. O S.Pedro é o santo padroeiro da terra, uma magnífica festa feita com a ajuda deles também, por isso não podem ser esquecidos. São eles que espalham as nossas cores pelos quatro cantos do planeta! Muitos chegam por volta desta altura, para viverem de perto tudo isto, que é a nossa cultura, que é um bocado de todos nós.
Estamos a voltar um pouco ao que aconteceu em meados do sec.XX, onde a emigração portuguesa para a Europa e América se fez sentir em grande escala. Uma nova vaga, vai-se formando devagarinho. De ano para ano, há mais gente a sair do país, rumo à aventura, tudo por um sonho que não há aqui. É triste dizer isto, mais triste é vivê-lo. O desemprego não pára de aumentar, não há espaço para os novos licenciados, o que torna emigrar uma hipótese cada vez mais viável. Não é fácil, não é para todos, mas trabalho à porta de casa é coisa do passado. A polivalência é hoje em dia uma característica extremamente importante para se ser seleccionado. Há que haver sacrifícios para se ganhar dinheiro, não só lá fora mas também cá dentro.
Resumindo, quem quer viver calmamente, Portugal é bom. Quem quer ir mais além, que tem outros projectos, vê as portas fecharem-se.
É este o nosso Portugal do sec.XXI. É este o Portugal que Sócrates fala? Ou será que a nossa televisão é diferente da do Primeiro-Ministro?
José António Manata
In "O Fala Barato" Julho de 2007
